Minha obra intitulada 'Enxugando Gelo' representa uma exploração artística que mergulha profundamente na expressão da nudez, na ação ritualística de barbear e na reflexão sobre a efemeridade das mudanças externas em contraste com a repetição constante. O vídeo exibe, de maneira crua e íntima, os momentos em que raspo minha barba com uma navalha, enquanto permaneço de frente a um espelho, alternando entre as perspectivas frontal e traseira. Esta obra é fruto da filmagem de duas abordagens distintas, revelando tanto meu rosto quanto a visão das minhas costas e do meu corpo nu.
O ato de raspar a barba é uma ação que se assemelha a uma tentativa paliativa. Temporariamente, o homem conquista um rosto aparentemente livre de pelos, mas a efemeridade dessa transformação é inevitável. No dia seguinte, ele retorna à mesma rotina, repetindo o processo continuamente. Esse ciclo constante serve como um ponto de partida para a minha primeira incursão no mundo da vídeoarte, desencadeando um momento de experimentação artística.
'Enxugando Gelo' é uma reflexão sobre a natureza fugaz das mudanças e a constância da repetição na vida cotidiana. Por meio dessa obra, busco explorar não apenas a ação do barbear em si, mas também a ideia de que, mesmo diante da busca por mudanças exteriores, estamos muitas vezes envoltos em um ciclo sem fim de ações que, em última análise, nos levam de volta ao ponto de partida.
Além disso, no vídeo percebe-se que está acelerado e a intrigante performance de uma das três telas é reproduzida de trás para a frente. Essa abordagem acrescenta uma camada adicional de complexidade e inovação à obra, criando um diálogo entre a ação progressiva de barbear e sua inversão, explorando o conceito de retroceder no tempo.
Minha abordagem artística nessa vídeoarte visa provocar questionamentos sobre a natureza das ações humanas e sua relação com a efemeridade do tempo. A obra convida o espectador a contemplar não apenas a ação de barbear, mas também a complexidade das escolhas e rotinas que moldam nossas vidas. É um olhar introspectivo que transcende o ato físico e mergulha nas profundezas da reflexão.
A videoinstalação intitulada 'Panóptico' constitui uma obra coletiva que abordou questões relativas ao monitoramento por meio de câmeras de vigilância. A exposição online, transmitida ao vivo e posteriormente disponibilizada em formato gravado no YouTube, apresentou uma crítica perspicaz a essa prática de monitoramento. A instalação foi realizada como parte do projeto da primeira mostra Shigeko, realizada no DEART da UFRN, em 30 de maio de 2023.
A videoinstalação fez uso de várias câmeras localizadas em diferentes lugares, sendo sua operação otimizada por meio de softwares livres. O OBS Studio foi empregado para unir as imagens capturadas pelas câmeras em um único mosaico e para permitir a transmissão ao vivo no YouTube. Além disso, o aplicativo Irium Webcam desempenhou um papel fundamental, possibilitando o uso de câmeras de smartphones como dispositivos de captura.
O título 'Panóptico' evoca o conceito de Michel Foucault, que definiu o panóptico como um dispositivo disciplinar no qual a visibilidade é utilizada como uma forma de condicionar comportamentos e moldar corpos. Conforme a teoria foucaultiana, esse mecanismo funciona ao induzir os indivíduos a manter um estado constante de visibilidade, mesmo quando não estão sendo vigiados diretamente. Em outras palavras, a vigilância, mesmo que não seja constante, torna-se uma presença perene, uma vez que os próprios vigilantes se tornam autorreguladores, monitorando tanto a si mesmos quanto aos outros. Isso os leva a restringir seus próprios comportamentos para se manterem em conformidade com as normas estabelecidas, sejam elas estipuladas pela justiça, por valores culturais, religiosos ou por identidades grupais às quais pertencem ou às quais se submetem.
Artistas da videoinstalação Panóptico
ALESSANDRA ROBERTA COTA MANTOVANI
CLODOALDO DINO DE CASTRO
DANIELA CATARINA SILVA CATAO
KAREN CRISTINA DA SILVA MELO
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA DO CARMO
VANESSA CHRISTALINA DE SOUZA
PATRICIA TELES SOBREIRA DE SOUZA (Docente/Orientadora)
Minha obra, intitulada "Fauna em Argila", é uma expressão artística que se desenvolve em quatro pequenas esculturas de argila. Cada escultura é uma representação delicadamente moldada de animais que habitam a fauna local, incluindo um sapo, um sagui, um lagarto e um cágado. A escolha desses animais não é aleatória, mas uma homenagem à riqueza da biodiversidade da região.
O que torna essa obra particularmente cativante é a fusão entre a escultura e o vídeo. Cada escultura é colocada em um ambiente natural que evoca a densa vegetação da floresta e a selva de pedra que rodeia nossa civilização. Os vídeos capturam não apenas as esculturas, mas também os sons da natureza que permeiam o ambiente, incluindo o canto dos pássaros, o sussurro do vento nas folhas e os ruídos da fauna. Esta imersão sensorial nos transporta para o cerne da natureza.
Uma das características mais intrigantes desta obra é a performance em vídeo, na qual os elementos visuais e sonoros são apresentados de forma inversa. Os sons da natureza, em conjunto com a visão das esculturas, criam uma experiência que desafia as nossas noções convencionais do tempo e da realidade.
"Fauna em Argila" convida o espectador a refletir sobre a relação entre o ser humano e a natureza, explorando a conexão intrincada entre as formas de vida que compartilham esse habitat. A obra promove uma apreciação mais profunda das maravilhas naturais que muitas vezes passam despercebidas no nosso dia a dia, incentivando a contemplação e a reflexão sobre a interdependência entre todas as formas de vida.
No seu cerne, "Fauna em Argila" é uma celebração da biodiversidade local e uma chamada à conscientização ambiental. Essa obra oferece uma experiência estética única, que transcende os limites da representação tradicional e cria um espaço para a contemplação, a reflexão e a apreciação da beleza da natureza. É uma expressão artística que nos recorda da importância de preservar os preciosos tesouros naturais que nos rodeiam e promove a conexão com o ambiente que compartilhamos.
Minha breve animação, intitulada "Bola Hibrida Alada", é uma exploração artística do mundo da animação tradicional. Nessa curta sequência, uma bola ganha vida com um olho, a adição de pé de galinha e asas de morcego. O resultado é uma criatura improvável que, com humor e uma pitada de absurdo, tenta o impossível: levantar voo.
Na criação dessa animação, utilizei de forma eficaz os princípios fundamentais da animação. Um dos elementos centrais é o princípio da antecipação, que é habilmente empregado para comunicar a intenção do personagem antes que a ação ocorra. O espectador é conduzido a esperar o inesperado, criando uma conexão entre a narrativa e a surpresa.
Além disso, a técnica de comprimir e esticar é explorada de maneira notável. Os movimentos da bola são dinâmicos, com deformações elásticas que acrescentam vitalidade ao personagem. Isso não apenas confere autenticidade ao movimento, mas também acrescenta uma dose extra de comédia à cena.
A narrativa da animação é simples, mas sua execução é habilmente elaborada. A tentativa frustrada do personagem de alçar voo e sua subsequente queda, embora breve, evoca uma sensação de empatia e identificação com a luta e a persistência. É uma história que, mesmo em poucos segundos sua simplicidade, transcende as barreiras linguísticas, comunicando emoção e humor universalmente.
"Bola Hibrida Alada" é um exemplo vívido de como a animação tradicional tem o poder de cativar e comunicar, explorando os princípios essenciais para criar uma experiência memorável. É uma obra que nos lembra que, por meio da animação, podemos dar vida a objetos inanimados e contar histórias de maneira envolvente e criativa.